Vivemos tempos de visibilidade constante, onde a sociedade parece exigir que estejamos sempre bem.
Estar bem, hoje, é estar bonito, ganhar bem e, acima de tudo, estar feliz.

Mas…
E os dias tristes?
E as frustrações?
A dor?
As angústias?

Todas essas emoções são colocadas em uma gaveta emocional chamada: “depois eu vejo isso“.

Será ingenuidade acreditar que o ser humano vive apenas a estação do “está tudo bem”?

Tudo aquilo que traz prazer rápido e resultado imediato é bem-vindo.
Silenciar? Nem pensar. No silêncio, pode surgir tudo o que foi escondido.

O que é permitido ver é somente aquilo que alimenta o status social.
A transparência emocional fica cada vez mais distante.
“Do que você gosta?”
Não sei… mas sei o que traz mais curtidas.

Visibilidade virou sinônimo de ser amado.
Curtidas viraram sinônimo de validação.

Isso acontece porque o feedback social positivo ativa áreas de recompensa no cérebro, liberando serotonina, endorfina e dopamina — substâncias que promovem bem-estar e o sentido de pertencimento, tão essencial à nossa sobrevivência.

Por outro lado, a invalidação social leva à liberação de cortisol, provocando estresse.
Esse processo ativa o sentimento de exclusão, gerando solidão e vulnerabilidade.

Para evitar esse sofrimento, muitos passam a viver de forma condicionada às expectativas externas.
É um verdadeiro modo de sobrevivência emocional.

Por isso, é fundamental encontrar recursos internos para sair da dependência de validação.

Um dos caminhos é olhar para as lacunas emocionais que bloqueiam o reconhecimento das próprias características, adiando a formação da identidade a partir do indivíduo.

Expressar sua individualidade e compartilhar seus ideais — não como necessidade de aceitação, mas como troca genuína — abre espaço para relações autênticas.

Isso permite o “ser visto” fora da engrenagem da indústria dos likes.

Ser visto, sem se esconder.
Pertencer, sem se perder de si.

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