Há momentos em que sentimos amor verdadeiro.
Amor denso, silencioso, ofertado com mãos abertas.
Mas o espaço ao nosso redor… não o comporta.

Às vezes, o amor não é rejeitado por ser demais ou de menos.
Ele simplesmente não cabe no campo estreito do outro.
Não encontra recipientes dispostos.
Não há braços estendidos.
muros.

E então, vem o sussurro interno:

“Espere. Segure. Silencie. Não agora.”

Mas o tempo vai passando
e essa espera vira um lugar.
Uma espécie de sala invisível onde a alma aguarda permissão para existir inteira.

Muitos de nós já ficamos ali:
Na porta do afeto, com as mãos cheias de presença e o coração em suspensão,
esperando que o outro nos veja.
Que diga:

“Agora você pode.”

Mas a alma amadurece.
E um dia, algo dentro de nós sussurra com firmeza:

“Eu não quero mais viver onde só posso existir pela metade.”
“Não quero mais ser a sombra de mim mesma, só para não perder o outro.”

O amor verdadeiro não deve pedir licença para existir.
Ele se oferece com leveza e permanece onde é acolhido.
Não onde precisa se camuflar para não incomodar.

dignidade em reconhecer quando é hora de abrir espaço.
Espaço dentro, espaço fora.
Espaço para respirar, amar, florescer.
Para ser inteira, mesmo que isso custe o fim de algo que parecia amor,
mas era só espera travestida de esperança.

— E se for a sua vez de escolher?

Você já se pegou nessa sala invisível, esperando que te vejam?
Você já segurou seu amor por medo de afastar alguém?

Talvez seja hora de sair do lugar onde se exige silêncio para amar
e entrar num espaço onde o amor pode respirar, rir e florescer.
Com presença. Com verdade.

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