Sentada frente ao mar, comecei a refletir sobre a água.

Iniciei um diálogo interno com a energia deste elemento, que tem como característica essencial a autenticidade.

Autenticidade de não se perder — ou, talvez, de se permitir perder — em suas infinitas formas de expressão.

Quisera tivéssemos sempre a consciência de quem somos (energia), a ponto de nos preservarmos, mesmo diante das muitas experiências vividas ao longo do caminho.

Nosso envolvimento com o ambiente e com as circunstâncias é, na maioria das vezes, imediato.

Tão imediato e profundo que, sem perceber, nos perdemos em um contexto ilusório de memórias e emoções.

Para que isso aconteça, basta um simples “não”, uma crítica, ou algo que vá de encontro a nossas expectativas — como uma chuva inesperada em um dia de sol. Situações aparentemente pequenas desencadeiam uma cascata emocional incontrolável.

Nesses momentos, surgem os julgamentos internos: baixa autoestima, mágoas, frustrações, ressentimentos… Eles desfilam livremente pela mente, obscurecendo nossa capacidade de enxergar a realidade como ela realmente é.

E então, o corpo responde. Sucumbimos a uma avalanche de hormônios ativados pelas lembranças de antigos dias nublados.

Como num passe de mágica, nos desligamos do agora. Deixamos de perceber as infinitas possibilidades que o presente nos oferece.

Mas assim como a água, podemos viver diversas formas sem perder nossa essência.

A água congela, fervilha, condensa, sublima — e ainda assim, permanece água.

Nós também podemos transitar por nossos papéis — filho(a), mãe, pai, companheiro(a), terapeuta, profissional, humano — sem nos perder de quem verdadeiramente somos.

É uma escolha consciente: fazer parte do enredo da vida sem nos deixarmos levar pelo drama emocional.

Então respira…
Sente teu coração…
Entra em coerência…
E volta para o presente.
Permanece em você.

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